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O que é Educação Financeira

Para explicar de forma correta o conceito de Educação Financeira, sintetizamos neste artigo trechos do excelente trabalho: Trabalhos para Discussão nº 280, "Educação Financeira para um Brasil Sustentável Evidências da necessidade de atuação do Banco Central do Brasil em educação financeira para o cumprimento de sua missão" por Fábio de Almeida Lopes Araújo e Marcos aguerri Pimenta de Souza, Junho 2012.

 

​ A educação financeira é o processo pelo qual consumidores e investidores melhoram sua compreensão sobre conceitos e produtos financeiros e, por meio de informação, instrução e orientação objetiva, desenvolvem habilidades e adquirem confiança para se tornarem mais conscientes das oportunidades e dos riscos financeiros, para fazerem escolhas bem informadas e saberem onde procurar ajuda ao adotarem outras ações efetivas que melhorem o seu bem-estar e a sua proteção. (OECD, 2009,p.2, tradução dos autores).

 

Bodhy Gestão Financeira Familiar - O Que é Educação Financeira

No conceito, percebe-se que a finalidade da educação financeira considera que os cidadãos estão essencialmente interessados em melhorar o seu bem estar. Esse interesse é uma premissa fundamental para a eficiência do processo educativo, pois de acordo com a andragogia (KNOWLES, 1984), ciência que estuda a aprendizagem de adultos, as pessoas aprendem melhor quando motivadas por seus próprios interesses.

 

 

Quanto à proteção mencionada no conceito, os cidadãos em seus papéis de consumidores e investidores precisam se proteger frente aos riscos dos mercados financeiros, aos abusos e aos imprevistos de diversas naturezas a que estão sujeitos.

 

Essa proteção do cidadão e de sua família se evidencia notadamente nos casos de doença, invalidez, envelhecimento e morte que afetam a capacidade de geração de renda proveniente do trabalho. 

 

Os Benefícios da Educação Financeira para os indivíduos 

Os benefícios da educação financeira para os indivíduos são diversos. Segundo a OCDE (2006, tradução dos autores), são eles: a maior confiança no processo decisório e a melhoria da situação financeira, como, por exemplo, o maior acesso ao sistema financeiro, uma renda de aposentadoria adequada e a redução do risco de superendividamento, além de auxiliar no desenvolvimento de pequenos e médios empreendimentos.

 

Além desses fatores, a melhoria da educação financeira propicia aos cidadãos uma melhor proteção contra infortúnios, pois ficam em uma melhor posição para se protegerem. Também podem aproveitar oportunidades de investimento, como a utilização do FGTS para compra de ações ou o investimento em fundos de previdência que geram benefício fiscal. Podem maximizar a renda percebida, usar adequadamente os produtos financeiros e reduzir riscos e custos.

 

Segundo Alan Greenspan (2003), ex-presidente do Federal Reserve – FED, os consumidores educados estão simplesmente menos vulneráveis a fraudes e abusos. A educação auxilia os consumidores a se tornarem mais alertas frente a esquemas que prometem alto retorno e baixo risco, auxiliando-os a fazerem as perguntas corretas e buscarem informação sobre produtos e organizações nos órgãos competentes.

 

Outro benefício é o aumento do conhecimento sobre as alternativas de crédito existentes, tornando claro ao cidadão qual é a mais adequada para suas circunstâncias. A ignorância dessas opções faz com que muitos brasileiros acreditem que suas únicas opções de crédito são o limite do cheque especial ou o cartão de crédito. Desconhecem o crédito direto ao consumidor, o crédito consignado e as linhas oferecidas por cooperativas de crédito, por exemplo.

 

Segundo Mavrinac e Ping (apud OECD, 2005, p.65, tradução nossa) há evidências que, para a maioria das pessoas, os problemas de dívidas são causados mais pela falta de educação financeira básica do que pela falta de renda.

 

Outro argumento encontra-se no estudo apresentado na Harvard (LUSARDI; TUFANO, 2009, p.20, tradução nossa) em que se verificou que as taxas de juros e de multa de cartão de crédito daqueles com menor conhecimento financeiro eram em torno de 50 por cento maior que a média.

 

Outro ponto importante é que a melhor compreensão dos conceitos financeiros esclarece, por exemplo, o funcionamento do juro composto e de sua relação intertemporal, aplicados aos créditos ao consumidor e às aplicações dos investidores.

 

Assim, a compreensão dos conceitos financeiros pode facilitar o entendimento de descontos para compras à vista, de questões de volatilidade de preços das ações e da relação entre risco e retorno.

 

Isso leva a um enorme benefício ao cidadão no processo decisório diário de consumo e de investimento. O entendimento da importância da dimensão do tempo no cálculo dos juros compostos pode contribuir para ampliar a visão de longo prazo para os investimentos; no particular, para os planos de previdência visando à adequação da renda na etapa inativa. Ao mesmo tempo, esse entendimento pode evitar o risco de consumidores atingirem estágios de superendividamento.

 

Um benefício adicional é que cidadãos conscientes de seus direitos colhem informações confiáveis e fazem denúncias e reclamações pertinentes. Dessa maneira, têm maior probabilidade de se protegerem, fazendo exercer os seus direitos.

 

Quanto ao benefício de adequação de renda de aposentadoria, cabe uma análise mais detalhada. Conforme mencionado, a responsabilidade pela gestão financeira é gradativamente transferida do Estado aos cidadãos, tendo em vista que cada vez menos se pode contar com a previdência social, cabendo ao cidadão a competência financeira que propicie uma formação de poupança de longo prazo.

 

Para analisar objetivamente o comportamento financeiro dos indivíduos ao longo da vida, separa-se, de modo simplificado, em duas grandes etapas, a ativa e a inativa. Na etapa ativa, os cidadãos trabalham para gerar renda, formar patrimônio por meio de poupança e sustentar a si e a sua família. Na etapa inativa, os indivíduos não trabalham mais e se sustentam a partir do patrimônio formado e administrado.

 

A vida financeira adequada nesse cenário pode ser resumida pela Figura.

 

 

Bodhy Gestão Financeira Familiar - Grafico1

Fonte: Mankiw, 2007 (adaptado pelos autores)

Nas etapas ativa e inativa, os cidadãos se comportam como consumidores enquanto se sustentam, adquirindo bens e serviços. Ao consumir, os indivíduos fazem uso de produtos e serviços financeiros, desde cartão de crédito e débito, cheque especial, empréstimos, financiamentos, entre outros.

 

Enquanto está na etapa ativa, as pessoas precisam também se comportar como investidores, pois precisam fazer poupança e formar patrimônio para poder aposentar-se algum dia e ter uma renda passiva para consumo futuro. Ao formar patrimônio, os indivíduos utilizam mais produtos e serviços financeiros, como plano de previdência privada, ações de empresas e seguros.

 

Portanto, para atingir uma adequada renda de aposentadoria, é necessário tomar ações na fase ativa. Pessoas que detêm esse conhecimento podem formar uma poupança de longo prazo no exercício de sua cidadania.

 

Considerando os malefícios evitados, a educação financeira também tem um papel importante. Uma fraca gestão financeira leva ao comprometimento da qualidade de vida, à redução do nível de saúde física e mental, à desestruturação familiar, ao baixo desempenho produtivo e ao aumento do número de acidentes no trabalho. Além disso, as decorrências financeiras dessa gestão são o comprometimento da renda com juros pagos, as multas punitivas por atraso no pagamento de compromissos e a perda de patrimônio. As implicações morais são a possibilidade de sofrer cobranças vexatórias, as restrições cadastrais e a inclusão na dívida ativa em virtude de débitos fiscais.

 

 

As limitações da Educação Financeira

Educação sobre finanças pessoais não é uma panacéia. Fatores psicológicos e culturais tais como: o comportamento arraigado, a contabilidade mental, a impulsividade, a falta de interesse em aprender, a avaliação superestimada que as pessoas fazem sobre seu conhecimento financeiro somados à eventual regulação insuficiente e a um fraco sistema de proteção ao consumidor trazem limitações à educação financeira.

 

 

De acordo com Senge (1990), uma limitação da aprendizagem das pessoas decorre da dificuldade de percepção da relação de causa e efeito no longo prazo, ainda mais quando se refere aos próprios comportamentos.

 

 

Segundo Eldar Shafir, professor da Princeton University, um fato trivial, mas profundo, é que as decisões não são baseadas em estados objetivos do mundo, mas sobre as nossas representações mentais desses estados (Informação fornecida em sua palestra proferida na Conferência Internacional de Educação Financeira, no Rio de Janeiro, em dezembro de 2009).

 

 

Nessa linha, os fatores comportamentais como a inércia ou o comportamento passivo, reduzem a efetividade da educação sobre a gestão das finanças pessoais.

 

 

Nessa mesma direção, Paul Clitheroe (OECD, 2008, tradução nossa), presidente da Financial Literacy Foundation Advisory Board da Austrália, descreve que as pessoas nem sempre possuem bons hábitos financeiros, inclusive quando dizem que possuem as habilidades para administrar bem o dinheiro. Desse modo, não é suficiente fornecer informações e ferramentas financeiras aos consumidores, eles devem ser motivados a superar as barreiras comportamentais para se empenharem e aprenderem como fazer uma melhor gestão financeira.

 

 

Enquanto a educação fornece informação, instrução e orientação; a proteção ao consumidor enfatiza o cumprimento da legislação pelos intermediários financeiros, e a regulação impõe padrões mínimos para atuação, requerendo das instituições financeiras o fornecimento de informações adequadas aos clientes.

 

Conclusão

 

De modo geral, um consumidor educado financeiramente planeja adequadamente seus gastos, pesquisa e compara preços para aumentar seu poder de compra, estimulando o desenvolvimento e a livre concorrência e contribuindo para controle da inflação.

 

No mercado bancário, tais consumidores conhecem as normas e exercem seus direitos, assumindo o controle social na relação com os operadores. Aplicam, por exemplo, as Resoluções 3.516, 3.517 e 3.919 (antiga 3.518) do CMN , para comparar os custos efetivos das operações de crédito e as tarifas bancárias, podendo escolher a instituição financeira que melhor atenda às suas necessidades. Esses consumidores que exercem sua cidadania financeira, que conhecem os seus diretos quanto à portabilidade de crédito, estimulam a concorrência e a eficiência dos mercados.

 

Na mesma linha, consumidores bem-informados comparam taxas de administração e de carregamento, tipos de cobertura, rentabilidades, períodos de carência, estruturas tributárias e outros parâmetros para escolher e contratar planos de previdência complementar com mais consciência. Desse modo, permanecem por mais tempo nos planos, o que os levam a formar maior patrimônio por meio de poupança de longo prazo. Tal comportamento fomenta a poupança privada nacional, importante na geração de emprego e renda, como também na maior estabilidade e no desenvolvimento da economia no país.

 

Além disso, consumidores conscientes do seu ciclo de vida e dos riscos a que estão sujeitos protegem seu patrimônio e garantem seu bem-estar, por meio de contratação de seguros de bens, de vida e de produtos de previdência. Esse fato auxilia no incentivo das atividades dos mercados de seguro e de previdência complementar.

 

À medida que os consumidores cumprem seus deveres, honrando compromissos assumidos nas operações de crédito, reduz-se o risco de superindividamento e a inadimplência. Essa redução da inadimplência faz diminuir o spread bancário e,consequentemente, os juros praticados nos empréstimos e nos financiamentos.

 

Um investidor individual bem-informado do conceito de juros compostos e da relação entre risco e retorno amplia sua visão de longo prazo, assume riscos calculados e confia em sua capacidade técnica, aplicando parte do seu patrimônio de modo consciente e responsável, sem comprometer os compromissos assumidos no curto  prazo. Nesse caso, permanece como investidor por mais tempo e reduz seu potencial de comportamento de manada, contribuindo para evitar a formação de bolhas e crises, promovendo a solidez, a estabilidade e o desenvolvimento do mercado de capitais, fundamental para a captação de recursos para as empresas.

 

Quando os investidores e os consumidores conhecem a função da entidade supervisora, eles têm condições de procurar ajuda que visem a sua proteção. Nessa busca por amparo, os cidadãos oferecem, de modo genuíno, espontâneo e gratuito, informações preciosas às entidades para sua adequada atuação em regulação e fiscalização.

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